
Olá! Podemos conversar só um bocadinho?
Eu sei. Depois de lerem a primeira frase estão todos a pensar, “mas esta miúda vem para aqui conversar em vez de nos falar de coisas sérias?”.
E eu digo-vos sem hesitar! Eu não sou nenhuma adulta para ter de vos falar de coisas sérias! Ou melhor, eu considero-me “mini-adulta”.
Pois, e agora estamos naquela parte em que vocês estão curiosos para saber quem sou eu!
Sou a Rita Bulhosa, tenho 15 anos. Sou uma adolescente igual às outras, com uma única diferença. Tenho paralisia cerebral. A PC foi-me causada por falta de oxigénio no cérebro, na altura do parto. Erro médico… dizem por aí. Aos 6 meses os meus pais começam a desconfiar que algo não estava bem. Depois de muita insistência deles para com os médicos… o diagnóstico foi paralisia cerebral.
É certo que eles poderiam ter ficado agarrados ao diagnóstico e poderiam ter-me impedido de voar… mas ainda bem que se deu o contrário. Eles deixaram-me voar! E desde cedo me “obrigaram” a repetir uma palavra que anda sempre de mãos dadas comigo. A palavra determinação.
E pronto, lá continuo eu
a voar, a voar, a voar!
Cada vez mais alto!
Quando aterrei nesta fase chata, a fase da adolescência, necessitava de me libertar e descobri uma das minhas melhores amigas, que é a escrita.
Deixem lá ver se vos consigo explicar de uma forma simples o que sinto quando fico a sós com a minha “melhor amiga”, a escrita.
Devo confessar, que esta paixão que tenho por ela (pela escrita) não é de sempre. Ela foi uma marota comigo, não se revelou logo assim de imediato. Digamos que ambas nos fizemos de “difíceis”. Eu sempre achei que nunca iria ser capaz na minha vida de escrever um texto que tivesse “cabeça”, “troco” e “membros” e não sentia vontade de a ter presente de forma sistemática na minha vida. Simplesmente porque achava que a escrita era aquela coisa “maçuda” que os professores nos obrigavam a fazer. Obrigarem-me a escrever? Sabem o que era isso para mim? Uma grande seca!
Chegou a um ponto que uma de nós teve de ceder. Eu já não aguentava mais! A minha alma estava a transbordar de emoções que precisavam de sair cá para fora e de ser mostradas ao mundo.
Olhem… lá acabei por ceder! E estou ainda, até hoje, a tentar perceber que estratégia é que ela arranjou para que eu finalmente entendesse que era completamente viciada nela! E que era a pessoa indicada para lhe dar forma.
Uma coisa é certa: eu estou-me nas “tintas” para essa tal estratégia, pois não quero mesmo perder este encantamento por ela.
A escrita foi o tal click que eu necessitava naquele momento concreto da minha vida em que lhe comecei a dar forma.
Ela revelou-se para mim de uma forma, voadora, leve, mágica! Para terem uma ideia, tive aquela mesma sensação de quando somos mais pequenos e acreditamos que o Pai Natal existe. Estão a ver? Conseguem visualizar aquela imagem das crianças a receberem as prendas, aquele brilho nos olhos, muito ansiosos que o Pai Natal chegue no seu trenó com as suas renas para distribuir as prendas?
Foi exatamente assim que eu me senti quando descobri este prazer da escrita! Tinha (e tenho sempre) aquele mesmo brilho nos olhos à espera do que vai acontecer quando começo a escrever no computador e me deixo ir.
Decidi agora escrever um livro chamado “Aos Olhos da Rita”(o mesmo nome que utilizo na minha página de Facebook) e espero que gostem. É um relato na primeira pessoa do que sinto e vejo no mundo que me rodeia. O que é que eu vejo à minha volta? Bem, o melhor é mesmo lerem o livro!